Já tenho saudades de adormecer ao pé de ti. Já tenho saudades de ser a mulher mais feliz do mundo.

 E agora? Adormeço todas as noites com as minhas mãos dadas, a fingir que são as tuas. Todas as noites adormeço a chorar, tarde, às 4h da manhã.

 E se estivéssemos bem? E se nada disto tivesse acontecido? Eu sei que ainda estávamos bem. Sei que ainda falávamos, sei que ainda me mandavas mensagens a relembrar o quanto gostavas de mim e o quanto sentias a minha falta. Embora essas palavras sejam falsas, vou ter saudades tuas.

 Eu tomei uma decisão e não me sinto bem. Não com a decisão que tomei, mas comigo mesma. Acabei connosco para podermos vir a ter alguma hipótese no futuro. E é isso que eu quero.

 Nós só nos devíamos ter conhecido daqui a dez anos. Dez anos... O que seria se isso tivesse acontecido? Estavas apaixonado por alguém? Tinhas filhos? Uma casa? Deviam ser tudo coisas nossas. Os nossos filhos, a nossa casa ao pé da praia, a nossa casa de campo, os nossos momentos. Devia ter sido a nossa história.

 Desculpa se te estou a fazer sofrer. Eu sempre tive muita pena de ver as pessoas mal, mas tu só estás assim porque queres. Foste tu que estragaste tudo. Foste tu que quebraste toda a confiança que eu depositara em ti. Até hoje, nunca me arrependi de nada. Nem me vou arrepender.

 Tu sabes que eu sou cautelosa. Nunca dou um passo para a frente sabendo que mais tarde, passe o tempo que passar, possa dar dois passos para trás. E contigo quebrei as minhas próprias regras, as próprias imposições que fiz a mim própria. Eu quebrei-as por ti, não foi por mais ninguém. E tu nunca me agradeceste por isso.

 Tu nunca me agradeceste por nada daquilo que eu te fiz. Nunca me agradeceste por te amar, sim, porque continuo a fazê-lo. E agora que te perdi? Ainda amo mais.

 Já sei o que sentem as pessoas apaixonadas que perdem o amor da vida delas. Eu nunca quis sentir isto. Eu nunca te quis perder. Eu pensava que o amor era para durar. Para sempre.

 Um mês tornou-se num ano... Um ano tornou-se em dois... E de dois passaram a três... Como é que pôde passar tão rápido? Como é que a nossa vida pôde mudar de um momento para o outro? É estranho...

 Não estava nos meus planos encontrar-te, mas quando te encontrei, senti-me a pessoa mais feliz do mundo. Sabia que podia falar contigo, quer fosse a sério ou a brincar. Podia sentir o teu cheiro, embora não fosses meu, embora não passasses de mais um amigo. E eu? Não passei de quê para ti?

 Quando te conheci senti que eras a melhor pessoa do mundo. Hoje em dia sei que fui eu que moldei essa pessoa, fui eu que a construí, fui eu que a moldei. E obrigada por me teres deixado fazer parte dessa parte da tua vida.

 Eu sei que agora te vais tornar numa pessoa má, irreconhecível. Mas não o faças... Deixa que as pessoas possam entrar na tua vida. Elas merecem estar onde eu estive. Elas merecem ter um lugar no teu coração, por mais pequeno que seja. Elas merecem ajudar-te, como eu ajudei.

 E agora? Sinto-me vazia. Sinto que já nada vale a pena. Sinto-me traída... Como é que me conseguiste perder?

 Por quem é que te apaixonaste desta vez? Ou pelo menos pensas que isso aconteceu. Mas é impossível. Ela era ideal para ti, para te conseguir entender, para te conseguir tocar nos pontos mais fracos, onde, sempre que ela mexe, tu paras, fixas o olhar na parede branca da sala, e ficas com a cor dela. 

 Ela tem saudades tuas, mas não te quer de volta. Ela precisa dos teus beijos, mas não consegue viver com eles. Ela precisa do conforto dos teus braços, mas continua deitada na cama, a chorar, e a relembrar cada momento que passou contigo.

 Com quem é que fazes memórias? Com quem é que crias momentos que jamais vais esquecer? Quem é que a está a substituir e a ocupar o seu lugar? Ela sempre achou que esse lugar fosse garantido, sempre lhe disseste isso... E olha para ele agora.

 Ela já não acorda ao teu lado. Ela já não te acorda com beijos leves. Ela já não te pode levar o pequeno almoço à cama. Ela já não te pode vestir o casaco antes de sair de casa. Ela já não te manda uma mensagem durante o dia a dar motivação, força e apoio. Ela já não está em casa quando tu chegas, cansado do trabalho. Ela já não toma banho contigo às escondidas dos pais dela. Ela já não está lá para ti.

 Ela... Sou eu.

 Não te vou implorar para ficares. Nunca fui assim, e tu sabes disso.

 Não te vou implorar para gostares das mesmas coisas que eu. Isso seria impossível.

 Não te vou implorar para teres os meus hábitos. Isso seria terrível.

 Não te vou implorar para teres um futuro a meu lado. Embora seja promissor.

 Não te vou implorar para me escreveres. Não preciso de cartas vazias e sem emoção.

 Não te vou implorar para me abraçares. Não preciso. Tenho encontrado o teu conforto na minha cama.

 Não te vou implorar para me beijares. Embora não consiga encontrar o teu sabor a nicotina em lado algum.

 Não te vou implorar para me amares. Porque se deixaste de o fazer, não há volta a dar.

 Não te vou implorar para esperares por mim. Tu sempre foste impaciente.

 Não te vou implorar para me acordares. Costumavas gostar de me ver dormir.

 Não te vou implorar para me leres. Porque para histórias, já basta a nossa. E sinceramente? Não quero ter mais nenhuma na cabeça. Só me sinto completamente completa e cheia de vida, quando ouço o teu nome, quando vêm imagens tuas à minha mente, quando me recordo de alguns dos melhores tempos que vivemos juntos.

 Não te vou implorar para parares o tempo. Está na hora de avançar.

 Tenho saudades de te ouvir falar sobre a chuva, sobre o piso molhado, a lenha húmida, as fontes de água fresca.

 Tenho saudades da nossa casa de campo, no meio do nada, onde ficávamos horas em frente à lareira, olhávamos-nós nos olhos, sem nunca temer nada.

 Tenho saudades do teu toque nos dias de inverno, da forma como me protegias com os teus braços, da forma como eles eram quentes, mesmo tendo os lençóis de flanela a cobrirem o meu corpo, da segurança que eles me davam. 

 Tenho saudades que digas que me amas, como a tua voz soa, quando me beijas, quando sabes que está na altura de o dizer, e eu amo-te por isso.

 Tenho saudades do nosso fim de semana na casa dos teus tios, daquele canto dos pássaros pela manhã, daquele chocolate quente pela tarde, daquele banho quente contigo pela noite. 

 Tenho saudades do teu amor, de fazer-mos amor, de me agarrares, de me beijares o ouvido, de sussurrares que me amas, de olhares para mim com aqueles olhos de quem não aguenta mais, da força que fazes nos meus braços para eu não te poder agarrar, e isso é uma tortura.

 Tantas noites que te imploro para me contares o que se passa. Parece que fica em branco.
 Nunca mais falamos do assunto. Parece que esqueces propositadamente.
 Surpreendentemente, ele surge de novo. Parece que continuas sem querer falar.
 Mas eu quero. Eu insisto. Eu preciso de saber. O que é que fizeste desta vez? Parece que nunca te condeno.
 

 Não me ignores! Eu não mereço. Deixa de ser orgulhoso e conta-me. Parece que vejo vergonha nos teus olhos.

 Desisti. Das tuas atitudes, de tentar mudar a pessoa que vais sempre ser. Parece que te abandonei, mas continuo ao teu lado para te aquecer nas noites mais frias de inverno.

 Parece que te amo. E amo. Mais.

 Não sei como é que isto nos foi acontecer. Éramos tão certos, tão constantes... Acho que o pior aconteceu.

 E agora? O que é que eu vou fazer? Diz-me! Eu sei que vais ficar de braços abertos, à espera que tapem todas as feridas que eu te causei. Mas eu vou ficar de braços cruzados, na esperança que voltes para o quente dos nossos lençóis. 

 Nunca amei ninguém como te amo a ti e isto é o pior que podia ter acontecido. Sempre te apoiei, sempre te ajudei.

 Tenho saudades e sinto falta do teu abraço. Do teu beijo. Do teu amor. Do teu sexo des últimos dias. Já nem te reconhecia.

 Porque agora resume-se a isso. Sexo. Para ti, e para todos aqueles que vierem. Nunca ninguém me vai tocar da maneira que tocavas. Ninguém vai conseguir fazer com que eu me arrepie só com  o toque dos corpos nus. Ninguém me vai agarrar nos braços para eu não fugir. Ninguém me vai dizer ao ouvido que me ama mais que tudo. Ninguém. 

 Nunca ninguém vai tomar o teu lugar, e disso podes ficar descansado. 

 Este é o meu estilo de vida. Arte. Pessoas diferentes. Fotografias a todos os minutos. Novas caras. Novas aventuras. Novas descobertas. Novas formas de ver o mundo. Um grande visão. Diferente, embora apertadinha. Compras. Livros. Leituras de horas a fio, no cadeirão perto da janela, onde entra uma maior luminosidade. Saber lidar com novas situações. Adequar-me a mudanças que surjam. Fumar cigarros à varanda. Encontrar o meu porto de abrigo. Inalar o fumo para dentro dos pulmões. Elaborar textos, de todo o tipo, com ou sem fim, bem estruturados ou não. Não gosto de cumprir ordens do típico Português. Um diário de fotografias com textos. Os bons e os maus momentos. Os meus e os teus momentos. Os nossos. Não tenho os de mais ninguém. O nosso futuro e as nossas especulações.

 Será mesmo?

 Eu era um museu cheio de arte, cheio de retrato maravilhosos, mas tu preferiste fechar os teus olhos. Não viste sequer o interior da minha vida ou da minha história.

 Tu dominas completamente os meus sentimentos. Sentimentos esses que são os mais fortes e mais sinceros que existem. Tens de acreditar em mim.

 Podes ter a certeza de que nunca te vou esquecer. Nunca. Só quero que sejas meu para sempre, embora esteja a ser egoísta e gananciosa. MEU. 

 Ainda temos viagens, programas e a nossa vida pela frente. Itália, França, Nova Iorque, Grécia o onde quiseres. Só quero que venhas comigo. Só quero que fiques comigo e nem sequer pronuncies uma palavra.

 Quero que me ames com todas as forças que tens. Quero que me consoles sempre que estou mal. Quero que sejas o pai dos nossos filhos.

 Só temos de ir com calma. Aproveitar todas as oportunidades que surgirem. Apreciar os melhores momentos. Viver bem. Mas principalmente? Vamos ser felizes! Eu prometo.

 Sempre que encontrarmos uma situação difícil, sempre que formos abaixo, sempre que não houver uma solução... Vamos-nos pôr à prova. É assim que vamos saber. Eu sei que sim. 

 Se algum dia quiseres desistir de alguma coisa, por favor, que não seja de mim.