Dias de imprudência sem pensar em consequências. 

 Que saudades do verão, da brisa do mar, das ondas a baterem nas rochas da praia, da casa pertinho do café onde todos os dias ia comprar pão de manhã. 

 Que saudades de saber que sentias saudades minhas. Que saudades de saber que estava tudo bem quando pegava no telemóvel e te ligava.

 Só não tenho saudades das saudades que as férias de verão me causaram. Não quero sentir outra vez o que senti. Estar longe de ti é a tarefa mais difícil que eu alguma vez na vida enfrentei. Também preciso de tempo e espaço, mas esse tempo e esse espaço, posso muito bem encontrá-lo e desfrutar dele a caminho de tua casa. É meia hora daqui para aí.

 E tu nem sabes, amor... Tu nem sabes o que sofri e o que sofro todos os dias ao pensar no que passei. Eu não estive aí enquanto estive fora, mas sei que bem não estiveste. Mas tinhas as tuas coisas, tinhas a tua família e os teus amigos. Eu não tinha nada, Tinha um conjunto de ip's e auto-estradas. Tinha uma criança nos meus braços, que me tinha sido entregue durante 15 dias. Fui mãe dela e não me arrependo. Tenho saudades da miúda, da forma que ela me abordava sempre que pedia qualquer coisa. Da forma como tu te rias daquilo que ela dizia. Da quantidade de vezes que ela pedia para eu chorar; não me perguntes porquê, mas eu acho que ela gostava... 

 E agora? Cada dia que passa é só mais um dia. Já não conto os dias para te ver, os números agora passam a vida a invadir a minha cabeça e o meu pensamento. O teste de matemática correu bem, obrigada por perguntares. 

 Não me faças isto. Eu sei que não sabes o que se está a passar agora comigo. Mas tenho tantas vozes na minha cabeça. Uma delas é a tua.

 Eu tinha de ser tão igual às outras? Eu tinha de ter tudo o que elas têm? Eu tinha de te dar tudo o que elas não deram. E eu dei. Mas tu não valorizas-te isso. Estás a perder-me e não reparas.

 Já não me prestas atenção. Tu sabes que eu não sou pessoa de me lamentar, mas se me lamento a teu lado, é porque quero que me ouças. Quero que me compreendas, que me abraçes como dantes e que digas que tudo vai ficar bem.

 É sexo ou amor? Só tu me podes dizer. Hoje disseste-me que era sexo. Caiu-me tudo e nem deste por isso. As lágrimas escorriam pela minha cara e tu simplesmente secaste-as. Sem dizer nada. Sem te lembrares que elas precisavam de permanecer na minha cara.

 Desculpa. Neste momento sinto que já não me amas. Talvez seja uma desculpa para o facto de eu pensar que já não te amo. Mas eu amo. Com tudo. Com tudo o que tenho e o que não tenho. Mas há vozes na minha cabeça que não querem acreditar, e eu simplesmente tenho medo que elas tenham razão.

 Não consigo chegar até ti e isso está a afetar-me. Sinto que te estou a perder por entre os dedos.
 E o pior de tudo? Não consigo fazer nada para recuperar tudo o que tínhamos. Não consigo fazer com que me ames mais.
 Desliga as luzes, diminui o som das vozes que estão dentro da minha cabeça. Deita-te comigo e não me digas mentiras. Segura-me bem e não imbirres comigo.
 Não posso fazer com que o teu coração sinta algo que não sente. No escuro e nas últimas horas eu entreguei-te tudo. Eu sinto o poder, mas tu não. Não me amas mais.
 Vou fechar os olhos enquanto me abraças. Não vou ver o amor que não tens por mim. E o dia vai acabar, eu amanhã vou acordar e fazer o que é certo. Dá-me tempo. É a única coisa que te peço. Dá-me tempo para esquecer e ultrapassar esta luta, sem nunca me esquecer de ti.
 Mas eu vou desistir.