Eu não imagino a minha vida sem ti, e agora, que ela está em risco, não sei o que fazer. 

 Sinto um vazio enorme. Sinto que me passou um camião por cima e que me deixou espalmada no meio da estrada, sem sequer reparar que eu estava ali. 

 E foi isso que fizeste comigo. Deixaste-me aqui, sozinha. Abandonaste-me. Onde é que estão as promessas, as juras e os momentos de calor? 

 Onde é que está o "nunca te vou deixar?", o "Vais ser sempre minha.", o "Amo-te com tudo, como nunca amei ninguém.", o "até às luzes e voltar."? 

 Iludi-me. Pensei que ia construir uma vida ao teu lado e isso acabou por ser a maior ilusão por que já alguma vez passei. A maior tristeza, a maior dor e a maior desilusão.

 Vou ter saudades tuas, amor. Até de te chamar "amor", de dizer que te amo, de brincar contigo e de fazer jogos enquanto tomamos banho. Vou ter saudades das tuas birras, do teu mau feitio, da tua exigência, dos teus abraços, do teu carinho, e sobretudo do teu amor e da pessoa que me fizeste sentir durante muito tempo.

 Nunca pensei que iríamos chegar onde chegámos. Foi uma vitória que acabou por se tornar numa derrota. E eu não gosto de perder. Nunca fui mulher de perder, e tu sabes. Tu sabes melhor que ninguém. 

 Só tu consegues lidar comigo. Só tu consegues meter-me a rir enquanto estou a chorar. Secavas-me as lágrimas e dizias que ia ficar tudo bem. E na verdade ficava sempre tudo bem. Agora sei que não. Já não te tenho ao meu lado. 

 Já não me tens ao teu lado para dizeres aos teus amigos que és um rapaz babado, que tens orgulho na pessoa por quem estás (ou estavas) apaixonado. Já não me tens ao teu lado naquelas noites de frio, em que precisamos um do outro para nos aquecermos, do calor dos nossos corpos nus. Já não me tens ao teu lado para poderes satisfazer toda a tua alma. Já não me tens. 

 Abandonaste-me sem mais nem menos. Abandonaste-me como se nada fosse. A partir de agora vou ter de fazer por mim, vou ter de sofrer pelos dois. 

 Achei que não fosse verdade. Achei que era mentira e não acreditei no presente. Estava iludida. 

 Peço-te para não o fazeres com mais ninguém. Ninguém merece a tristeza que me conseguiste causar da noite para o dia. 

 Contudo, continuo a amar-te, com todos os defeitos e com todas as qualidades.

 O que resta? Não sei. Não sei que quero que reste alguma coisa. Não te posso apagar da minha memória. Isso seria demasiado cruel e demasiado mau. Não conseguias acreditar que eu que fizesse isso. 

 Tu não me conhecias, amor... Tu nunca quiseste conhecer o meu passado, a minha história nem o que eu era antes de estar ao teu lado. Eu sempre te ouvi, sempre te apoiei, sempre quis saber mais. 

 Desculpa tudo. Amo-te muito. 

Será estúpido? Admiração ou proteção? Amor? Eu sei bem o que é. Sei bem o que me fazes sentir.

 Mas sei que já sentiste mais. Não me magoes. Não mereço. Depois de tudo. De todos os planos, de todas as juras e promessas, de compromissos a que falhaste, de pedidos de desculpa sem perdão.

 Continuo à tua procura em todos os cantos de minha casa e só encontro roupa esquecida repleta com o teu cheiro. Continuo à tua procura na escola e não estás lá. Não é possível. Onde é que estão as nossas brincadeiras, os nossos jogos de apanhada, os nossos beijos nas aulas sem que a professora de filosofia visse? Os nossos "empresta-me uma caneta." nas aulas de economia? Desapareceste desta miserável cidade e não me disseste para onde ias. Deixaste-me sozinha, sem sequer haver a tentativa de mudança.

"Fica à minha espera. Faltamos à aula e namoramos o que não namorámos ontem à noite."

 I can't set my hopes too high cause every hello ends with a goodbye.