Tenho tantas saudades. Nossas. De tudo o que passámos.

 Nunca ninguém vai ocupar o teu lugar. Nunca ninguém vai conseguir ser tão protetor, preocupado, obsessivo e traidor como tu. Ninguém.

 Eu sei que a dor vai passar e o meu sorriso vai voltar. Mas ele nunca vai ser o mesmo. 

 Sabes o que é que foi?

 Foi o teu sorriso contagiante.

 Foi o teu jeito de mexeres no cabelo.

 Foi a tua conversa fiada.

 Foi tudo.

 Foram as mensagens.

 Foram as chamadas.

 Foram as cartas e os textos.

 Foi o estares sempre lá para mim.

 Porque da primeira vez que te vi, naquele chão de pedra. No cimento. Os nossos pés estavam gelados e tu sorriste para mim. Arrepiei-me. Sinceramente. Tive tanto medo de me apaixonar por ti. Mas sei que isso nunca aconteceu. Aqueceste-me a ponta dos dedos só com um simples toque na barriga. Só com um simples grito de expulsão de fúria, raiva e pudor. 

 E o nosso jantar? Eu nunca o vou esquecer. Nunca vou esquecer o facto de estarmos rodeados de pessoas e passarmos o tempo todo a olhar um para o outro. Esquecer tudo e lembrar-me só de ti. Tem sido isto. Todos os dias. Desculpa se apareci numa má altura. Desculpa se não era bem isto que esperavas. Mas eu não posso ser tua. Eu vou voltar para casa. 

 Voltei a ver-te. Queria tanto que tivesse sido de outra forma. Queria que tivesses olhado para mim enquanto dizias que tinhas saudades minhas. Enquanto me acariciavas a cara. Enquanto analisavas cada traço do meu rosto.

 Não me odeies por não saber o que quero. Mas eu sei! É esse o problema. Eu sei o que quero, e não és tu. Eu não te quero, mas gostava de te ter, nem que fosse só por um segundo.

 Reages como se o assunto não fosse contigo. Tentas desviar a conversa porque não gostas do que te digo. Mas eu sei que tu adoras o som da minha voz, e sei que podias ficar a ouvi-la horas e horas, a dizer coisas bonitas, coisas que mereces ouvir. Mas não posso dizê-las. Pelo menos a ti.

 Não me ignores, porque sinceramente isso está a afetar-me por dentro. Como é que numa noite inteira não me conseguiste dizer uma única palavra? Como é que não conseguiste olhar para mim, para os meus olhos? Se o tivesses feito, percebias que eles precisavam de ti. Agora já não sei.

 Não me queria magoar da forma que magoei. Não queria criar expectativas da forma que criei. Mas eu já amei, e não consigo amar mais ninguém. 

 Tenho feito de tudo. Tenho feito com que resulte. Mas custa muito. Parece que a tua única preocupação é magoares-me, mandares-me a baixo. Desculpa, mas eu assim não aguento.

 Tenho saudades tuas. Estás ao meu lado, estás aqui. Mas não me ligas. Não olhas para mim. Não me tocas. Isso magoa. 

 Tenho tão pouco tempo. Tão pouca vida. Mas é o que chega para viver junto a ti. É o que chega para te conhecer. É o que chega para me amares e para me fazeres sentir na mulher mais feliz do mundo. 

 Hoje passaste por mim. Parecias diferente. Não te apercebeste, pois não? Passou mais rápido. Foi menos do que 15 minutos. Foram segundos ridículos. Segundos que não deram para nada. 

 E agora? Vem o arrependimento. E tu sabes tão bem... Não vale a pena arrependeres-te de nada. Não há necessidade, sequer. 

 Se tenho pensado em alguma coisa, é em nós.

 Se tenho pensado num futuro, é no nosso.

 Mas tenho tanto medo... Tenho medo de te deixar. Porque agora a luta já não é tua. É minha. Eu tenho de ser forte psicologicamente. Tu apensas tens de ser forte fisicamente. 

 Tenta não pensar em mim nos dias em que estás longe. Tenta absorver o máximo de informação. Tenta ser a melhor pessoa que eu conheço. 

 Se alguém tem tempo para pensar em ti, sou eu. Tu não podes ter tempo de pensar em mim. 

 Vais destruir a tua cabeça, ainda mais... E eu sei que ela já não é boa. Não é defeito, é feitio.

 Mas as saudades estão a apoderar-se de mim. Eu tenho de estar aqui para ti, para te dar apoio e para que te sentas bem. Nunca quero ouvir falar em desistir. Não és assim.

 No dia em que desistires de alguma coisa, por favor... Que não seja de mim.