Não consigo

07:11 Missing Piece 0 Comments

 O que é que significa mudar de país? Ter amigos novos? Deixar tudo para trás das costas? Frequentar uma escola nova? Passar a ter uma nova vida?

Recomeçar

06:36 Missing Piece 0 Comments

 Ao organizar todo o material escolar,  horário, conciliar com as explicações e com o trabalho, lembra-me que vou ter de voltar à mesma miserável rotina. Adoro as pessoas que me rodeiam no dia-a-dia, mas vai ser mais complicado. Tem sido sempre, de ano para ano. Não queria mesmo, por nada, voltar à escola. Não tenho paciência para bocas estúpidas, para ameaças, para picanços... Não quero recomeçar, mas já Miguel Torga dizia: "Recomeça... Se puderes. Sem angústia. E sem pressa..." E são estas as palavras sábias.
 Eu não vou descansar enquanto não alcançar os meus objetivos que já estão definidos há muito tempo. Não vou deitar tudo a perder.
 Não quero recomeçar, mas sou uma mulher, não me posso esquecer.

Parece, mas não

16:13 Missing Piece 0 Comments

 Agora é tudo tão relativo. Parece que nada é certo e isso assusta-me. Parece que não faço o suficiente, que não é o melhor e que é incerto.
 Parece que não há um meio termo. Ou é tudo ou nada. E nada não é para mim. Mas tudo também não. Não consigo perceber nem compreender se o copo está meio vazio ou meio cheio.
 Não se pode ter o melhor dos dois mundos. O meu corpo está cá, mas a minha mente está contigo. Não sentes o meu cheiro? Vai à tua almofada, amor. Desculpa, mas não consigo estar aí. Sou tudo ou nada para ti?
 Parece que estou aqui, que me sinto completa, feliz e animada. Parece, mas não.

Avó

14:23 Missing Piece 0 Comments

 Eu sei. Eu sei de tudo. Tenho muitas saudades suas. Às vezes dou por mim a pensar: "se a avó estivesse aqui, o que é que estava a fazer?". Não me lembro de nada. Não me lembro da sua voz, do seu riso, do seu cheiro nem do seu toque. Desculpe por isso, mas eu era pequena. A avó partiu nova, não devia. Eu sinto que era a neta com maior ligação consigo. A avó não me devia ter deixado.

Parece impossível

12:15 Missing Piece 0 Comments

 Como é que é possível?
 Ainda agora foste embora e já tenho saudades tuas.
 Ter o teu cheiro nas minhas mãos, na minha roupa e no meu cabelo é frustrante. Poder cheirar-te, olhar para o lado e saber que não estás aqui ao pé de mim.
 Acho que tenho sempre saudades tuas, mesmo quando estás comigo. Sei que depois do nosso dia vais apanhar o autocarro das 19h20, me vais mandar uma mensagem quando chegares a casa, falas comigo horas a fio no computador e as 3h da manhã, vais dormir.
 Às vezes passas o dia na minha cama, que tem espaço suficiente para os dois, a brincar comigo, a dar-me miminhos e a amar-me mais do que tudo, e aí eu fico frustrada e deprimida. Já sei que te vais embora. Já sei que depois vais para tua casa, sem mim. Fico com o teu cheiro na minha almofada e parece que durmo contigo, mas não. Acordo a meio da noite, à espera que me aqueças e que me voltes a tapar, mas não, isso não acontece.
 Amo-te muito.

Inverno

04:45 Missing Piece 0 Comments

 Às vezes é como me espetarem uma faca nas costas. Parece que não dá mais. Simplesmente não se consegue avançar, e ficamos ali parados, como rochas onde as ondas fortes batem nas noites escuras, frias e agressivas de inverno.
 Tenho as quarto estações do ano dentro de mim, mas agora sinto-me no inverno. Frio, chuvoso, confuso, ventoso. Não sei. Não sei sequer se isso faz sentido.
 Mas é a minha estação preferida.
 Deprimida.
 Sentar-me no cadeirão junto da janela e ver a chuva cair, ver as nuvens andarem com uma velocidade fora do normal, ver o sol a tentar penetrá-las como se quisesse muito aparecer, como se a sua vida dependesse daquele raio. Sentar-me no cadeirão, com chocolate quente na mão.
 Só de pensar que és tu que me aqueces nessas noites de tempestade. Aquecemos-nos mutuamente na tua cama, que tem o colchão mole, os lençóis de flanela.
 Olho pela janela do teu quarto e vejo campo. Olho para ti e vejo-me a mim.

Sem ti ou contigo

04:20 Missing Piece 2 Comments

 Às vezes dou por mim a imaginar um mundo sem ti... Agora não consigo pensar sequer nessa hipótese. Sim, já vivi sem ti, e sempre me senti vazia. Faltava-me qualquer coisa. Não sei se eras tu, se era o teu carinho, se era o teu consolo, as tuas palavras ou as tuas parvoíces. Eu sei que me fazes bem e não quero viver sem sentir o teu respirar.
 Acho que há pessoas que passam a vida inteira à procura do "amor da vida delas", e eu penso que já tenha encontrado o meu. Mas é tão difícil, meu amor. É tão difícil manter isso, é tão difícil não deixar que alguém passe por cima de nós e destrua aquilo que construímos. É difícil e tu sabes disso melhor que ninguém. Eu não sei se vou conseguir. Eu quero, mas não depende só de mim.
 Acabo por ter medo. É por seres tão especial que tenho medo de ficar sem ti. É por seres tão tu, que tenho medo de te perder. Eu acho que nunca tive medo de nada. Excluindo as aranhas. Mas agora tenho medo de te perder.
 É tão banal e cliché dizer que és tudo aquilo que eu preciso para viver, até porque já mais outras 1000 pessoas o disseram. Mas é essa a verdade. É mesmo isso que acontece. Não quero imaginar sequer.
 Eu nunca fui uma pessoa cheia de certezas, que traçasse os planos para o amanhã. Eu vivia um dia de cada vez, deixava tudo acontecer... Mas agora tenho necessidade de planear tudo contigo. Eu sou a pessoa mais indecisa do mundo, tanto quero uma coisa, como a seguir quero outra, como dias depois já quero ter a primeira de volta. Mas de ti? Quanto a ti? Estou completamente certa.