Tenho saudades de te ouvir falar sobre a chuva, sobre o piso molhado, a lenha húmida, as fontes de água fresca.

 Tenho saudades da nossa casa de campo, no meio do nada, onde ficávamos horas em frente à lareira, olhávamos-nós nos olhos, sem nunca temer nada.

 Tenho saudades do teu toque nos dias de inverno, da forma como me protegias com os teus braços, da forma como eles eram quentes, mesmo tendo os lençóis de flanela a cobrirem o meu corpo, da segurança que eles me davam. 

 Tenho saudades que digas que me amas, como a tua voz soa, quando me beijas, quando sabes que está na altura de o dizer, e eu amo-te por isso.

 Tenho saudades do nosso fim de semana na casa dos teus tios, daquele canto dos pássaros pela manhã, daquele chocolate quente pela tarde, daquele banho quente contigo pela noite. 

 Tenho saudades do teu amor, de fazer-mos amor, de me agarrares, de me beijares o ouvido, de sussurrares que me amas, de olhares para mim com aqueles olhos de quem não aguenta mais, da força que fazes nos meus braços para eu não te poder agarrar, e isso é uma tortura.